Miró é classificado entre os surrealistas mas a sua linguagem parece dotada de uma simplicidade mais infantil que não caracteriza exatamente os surrealistas. Entretanto, é preciso muitas vezes compreender o que deseja o autor para poder visualizar melhor a pintura. No quadro "Personagem atirando pedras em um pássaro" o personagem tem, de alguma maneira, a forma de um pássaro mas sabe-se que o pássaro é a outra entidade porque voa. O mar negro, em contraste com as cores fortes do céu e da terra mostram que o artista não se limitava pela naturalidade das cores. O efeito é de grande profundidade e vigor e a terra parece movimentar-se em seu amarelo marcante. A pedra, no meio do caminho, não define por si mesmo em que direção faz o percurso. O uso de frases quase explicativas nos títulos das obras é bem interessante e as vezes muito facilitador.
Joan Miró deixou-se prazerosamente influenciar por todas as correntes de arte com que tomou contato. Influências cubistas, surrealistas, abstracionistas são facilmente percebidas em seus trabalhos e a maneira de ver dos cubistas combina fortemente com a sua visão das coisas. A sua admiração pela pintura clássica encontrada desde cedo em sua origem na Catalunha mistura-se com a admiração pela escola flamenga e por fortes traços por onde foi passando. Aquilo tudo ia sendo absorvido, processado, misturado, temperado e apresentado, ao final, como uma maneira própria e extremamente rica de interpretar o mundo. Miró procurava mostrar a realidade de uma forma simplificada, quase infantil, simbólica, sem a complexidade e o mistério de um surrealismo tipo Salvador Dali ou René Magritte mas isso é, por si mesmo, cheio de uma profundidade que ele não enfatizou.
Miró alternou fases de dificuldade financeira intensa com fases de prosperidade mas aos poucos foi afirmando-se como um artista do primeiro time. Viajou bastante, morou em diversos lugares sem nunca distanciar-se completamente de suas origens. Depois de 20 anos na França, voltou para a Espanha refugiando-se da guerra. Ao longo do tempo ganhou diversos prêmios internacionais de grande importância e teve uma longa vida produtiva. Joan Miró morreu em 25 de dezembro de 1983, aos 90 anos, em Palma de Maiorca, na Espanha, ainda em atividade. Na última fase parecia predominar a ausência de cores em seus trabalhos, dedicando grande espaço ao preto e ao branco. Interessante esse aspecto e ficamos pensando se isso deveu-se a problemas visuais, comuns na idade muito avançada.
Criador de novas técnicas nos trabalhos de cerâmica e de uma maneira peculiar de exercer o ofício de pintor, Miró foi premiado, agraciado com títulos e homenageado nos 4 cantos do mundo, superando amplamente todas as dificuldades iniciais encontradas na juventude e no início da idade adulta. Na última fase de sua carreira foi regiamente pago por trabalhos encomendados e colocado na galeria dos grandes artistas da humanidade. |
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em 13.02.2006.
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em 22.04.2006.